quarta-feira, 11 de junho de 2025

Desmonte na Educação: Universidades em queda livre

A falta de investimento e o atual quadro da pesquisa científica nacional derrubaram as universidades brasileiras num ranking com as 2 mil melhores instituições de ensino superior do mundo. Segundo o levantamento do Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR, na sigla em inglês), nada menos que 46 das 53 instituições brasileiras presentes na lista de 2025 caíram de posição em relação à edição passada.

O presidente do CWUR, Nadim Mahassen, disse que, “enquanto vários países colocam o desenvolvimento da educação e da ciência no topo de suas agendas, o Brasil luta para acompanhar o ritmo”. Em comunicado à imprensa, ele afirmou ser “alarmante” que esse recuo das universidades brasileiras seja motivado pelo “enfraquecimento do desempenho em pesquisa e o apoio financeiro limitado do governo”.

Das instituições citadas, 43 são federais, que estão em crise praticamente permanente, com risco de cortes de serviços, necessidade de renegociação de dívidas com fornecedores e ameaça à qualidade do ensino e da pesquisa. O governo Lula correu para anunciar medidas a fim de evitar o colapso, como a destinação de R$ 400 milhões, o que provavelmente será insuficiente para lidar com os múltiplos problemas – cuja origem tem vinculação direta justamente com o modelo de expansão universitária desenfreada dos governos de Lula e de Dilma Rousseff. Esse modelo era e ainda é movido pelo ânimo eleitoreiro. A intenção é mostrar a abertura de vagas em universidades federais como sinal da preocupação dos governos petistas com a formação superior de jovens de baixa renda. Ocorre que somente a abertura de vagas, sem que venha acompanhada de condições objetivas para sua manutenção (que inclui investimento em estrutura e salário de professores e funcionários), resulta em universidades que lutam para sobreviver, e não para produzir ciência e conhecimento.

Apesar desse modelo falido, há instituições que resistem. Marcada por eternas crises, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) subiu da 401.ª posição para a 331.ª no ranking do CWUR. Dentre os quatro quesitos avaliados, a instituição ficou à frente da Universidade de São Paulo, a brasileira mais bem colocada, na 118.ª posição, em qualidade da educação e do corpo docente. Foram, portanto, os professores e os alunos da UFRJ, com o reconhecimento externo de sua excelência em capacitação e aprendizado, que empurraram a instituição para cima no ranking.

Capital humano, portanto, não falta. Mas o Brasil precisa de um novo modelo de financiamento do ensino superior, que estreite os elos com o setor privado, de modo a preservar os talentos do País da inação estatal. É típica ilusão lulopetista acreditar que o Estado dará conta dessa missão sozinho. Ademais, mas não menos importante, são necessários mecanismos de estímulo à produção de conhecimento relevante, com o aprimoramento da avaliação dos docentes e dos alunos e a valorização das pesquisas de impacto.

Jactar-se de fazer a “filha da empregada entrar na universidade”, como faz Lula, pode até render votos, mas não muda a essência do problema: se a universidade é apenas uma fachada eleitoreira, seu diploma terá pouca serventia para a “filha da empregada”.

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